RESUMO Este artigo tem por objetivo apresentar considerações acerca de habilidades culinárias em tempos de pandemia pela Covid-19. O cenário vivenciado durante a pandemia, caracterizado pela incerteza e pelo isolamento, perpassa a questão de insegurança da alimentação, influenciando escolha, aquisição e preparo de alimentos, dentro e fora de casa. Mídias e redes sociais aparecem como alternativas de entretenimento e de aprendizado de habilidades culinárias, estimulando o preparo de refeições em casa e reforçando as relações familiares na cozinha. Evidências mostram relação da prática das habilidades culinárias com a qualidade da alimentação, que é condição significativa principalmente no cuidado com os indivíduos classificados como grupo de risco para Covid-19. Cozinhar, para alguns indivíduos, pode ainda ser uma estratégia para reduzir sentimentos como estresse e ansiedade, comuns no contexto da pandemia. A realidade brasileira, no entanto, é marcada por desigualdades tanto de acesso como de renda, de forma que populações mais vulneráveis podem não ter essa mesma relação com o ato de cozinhar. Nesse sentido, sugere-se investir em políticas públicas de alimentação e de nutrição que executem programas e ações para desenvolvimento de habilidades culinárias, visando à promoção da alimentação saudável e ao estímulo ao autocuidado.

ABSTRACT This article aims to present reflections on cooking skills in times of the coronavirus disease 2019 pandemic. The current period of uncertainty and isolation heightens food insecurity issues, influencing food choice, purchase, and preparation. Social media and networks are sources of entertainment and learning, with vast resources for cooking skills, which can stimulate home cooking and strengthen family ties. Research has evidenced the positive relationship between cooking and diet quality, an important factor for groups at increased risk of severe illness from Covid-19. For some individuals, cooking may be a strategy to reduce anxiety and stress associated with the pandemic. However, the Brazilian reality is marked by inequalities in income and access to food. Thus, more vulnerable populations may not have the same relationship with cooking. Public policies should focus on food and nutrition programs and actions for the development of cooking skills as a means to promote healthy eating and encourage self-care.

RESUMO Objetivo O estudo objetivou analisar o impacto de uma intervenção nutricional educativa na qualidade da dieta de mulheres com câncer de mama em tratamento adjuvante. Métodos Mulheres com câncer de mama admitidas para tratamento cirúrgico, divididas em grupo intervenção (n=18) e grupo comparação (n=78), participaram de um ensaio clínico não randomizado. As participantes foram avaliadas antes e após o tratamento e/ou intervenção. Um questionário de frequência alimentar foi aplicado, e a qualidade da dieta foi calculada pelo Índice de Qualidade da Dieta Revisado. A intervenção nutricional educativa ocorreu por meio de ligações quinzenais, encontros presenciais e materiais informativos, durante 12 meses, com orientações visando à ingestão de pelo menos 400g/dia de vegetais e frutas, e não mais que 500g/semana de carne vermelha/processada. Resultados O grupo de intervenção melhorou significativamente a qualidade da dieta (+5,7). Além disso, houve aumento da ingestão de frutas e vegetais, representado por elevação significativa na pontuação de frutas totais (+1,9) e frutas integrais (+1,1) e redução considerável na pontuação de carnes, ovos e leguminosas (-3,3), a qual se deu pela diminuição do consumo de alimentos embutidos e carne bovina (p<0,05). Ainda, observou-se aumento na pontuação do componente que avalia as quilocalorias provenientes das gorduras sólidas, bebidas alcoólicas e açúcar de adição (+5,0, p<0,05) devido ao menor consumo desses alimentos. O grupo comparação não apresentou diferenças significativas. Conclusão A intervenção nutricional contribuiu para melhorar a qualidade da dieta durante o tratamento para câncer de mama e, possivelmente, o prognóstico dessas mulheres.

ABSTRACT Objective To assess the outcome of an educational nutritional intervention in the quality of diet of women with breast cancer in adjuvant treatment. Methods Women with breast cancer and admitted for surgical treatment were divided in an intervention group (n=18) and a comparison group (n=78), and participated in a nonrandomized clinical trial. Participants were assessed before and after the treatment and/or intervention. A food frequency questionnaire was applied and the quality of diet was calculated using the Brazilian Healthy Eating Index Revised. The educational nutritional intervention lasted 12 months and was carried out through phone calls twice a month, personal meetings, and monthly handouts. It oriented an intake of at least 400g of vegetables and fruits per day and at most 500g of red/processed meat per week. Results We observed a significant improvement in the diet quality of the intervention group (+5.7). Nutritional education in the intervention group reached its objectives, with a rise in the intake of vegetables and fruits reflecting a significant increase in the score of total fruits (+1.9) and whole fruits (+1.1), and a decrease in the score of meat, eggs, and legumes (-3.3) by means of a reduction in the intake of red/processed meat (p<0.05). Also, a rise in the punctuation of calories from solid fats, alcohol, and added sugar was observed (+5.0, p<0.05) due to lower intake of these components. The comparison group presented no significant differences. Conclusion The nutritional intervention contributed to improving the quality of the diet during breast cancer treatment and possibly altered these women’s prognoses.

OBJETIVO: Avaliar os aspectos dietéticos das refeições oferecidas por empresas inscritas no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) na Cidade de São Paulo, Brasil, em relação às recomendações nutricionais do Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde. MÉTODOS:Foram investigadas 72 empresas, caracterizadas conforme setor (indústria, serviços ou comércio), porte (micro, pequenas, médias ou grandes), modalidade do PAT (autogestão, gestão terceirizada do tipo refeição transportada ou gestão terceirizada do tipo preparo e distribuição de refeição na empresa) e supervisão de nutricionista (sim ou não). A quantidade per capita dos alimentos foi determinada nos cardápios de 3 dias de almoço, jantar e ceia. O valor nutricional das refeições foi definido com base nas variáveis energia, carboidrato, proteína, gorduras totais, gordura poliinsaturada, gordura saturada, gordura trans, açúcares livres, colesterol e frutas e hortaliças. RESULTADOS:A maioria dos cardápios teve baixa oferta de frutas e hortaliças (63,9%) e gordura poliinsaturada (83,3%) e excesso de gorduras totais (47,2%) e colesterol (62,5%). O agrupamento 2, composto principalmente por empresas de médio e grande porte do setor industrial e de serviços, com gestão terceirizada e supervisão de nutricionista, teve, em média, refeições com maior valor energético (P < 0,001), maior porcentagem de gorduras poliinsaturadas (P < 0,001), maior quantidade de colesterol (P = 0,015) e maior quantidade de frutas e hortaliças (P < 0,001) do que o agrupamento 1, composto por micro e pequenas empresas do setor de comércio, tendo autogestão como modalidade e sem supervisão de nutricionista. Quanto à adequação dos cardápios oferecidos às metas do Guia Alimentar para a População Brasileira, as refeições do agrupamento 2 foram mais adequadas em relação à oferta de frutas e hortaliças (P < 0,001). Em contrapartida, o agrupamento 1 apresentou maior adequação da quantidade de colesterol (P = 0,05). CONCLUSÕES:É necessária uma ação mais direcionada aos gestores de empresas e aos responsáveis pelas unidades de alimentação e nutrição, principalmente no grupo de empresas que não tem a supervisão de nutricionista.

OBJECTIVE:To compare the nutritional value of meals provided by companies participating in the Workers’ Meal Program in the city of São Paulo, Brazil, to the nutritional recommendations and guidelines established by the Ministry of Health for the Brazilian population. METHODS:The 72 companies studied were grouped according to economic sector (industrial, services, or commerce), size (micro, small, medium, or large), meal preparation modality (prepared on-site by the company itself, on-site by a hired caterer, or off-site by a hired caterer), and supervision by a dietitian (yes or no). The per capita amount of food was determined based on the lunch, dinner, and supper menus for three days. The nutritional value of the meals was defined by the amount of calories, carbohydrates, protein, total fat, polyunsaturated fat, saturated fat, trans fat, sugars, cholesterol, and fruits and vegetables. RESULTS:Most of the menus were deficient in the number of fruits and vegetables (63.9%) and amount of polyunsaturated fat (83.3%), but high in total fat (47.2%) and cholesterol (62.5%). Group 2, composed of mostly medium and large companies, supervised by a dietician, belonging to the industrial and/or service sectors, and using a hired caterer, on averaged served meals with higher calorie content (P < 0.001), higher percentage of polyunsaturated fat (P < 0.001), more cholesterol (P = 0.015), and more fruits and vegetables (P < 0.001) than Group 1, which was composed of micro and small companies from the commercial sector, that prepare the meals themselves on-site, and are not supervised by a dietitian. Regarding the nutrition guidelines set for the Brazilian population, Group 2 meals were better in terms of fruit and vegeta-ble servings (P < 0.001). Group 1 meals were better in terms of cholesterol content (P = 0.05). CONCLUSIONS:More specific action is required targeting company officers and managers in charge of food and nutrition services, especially in companies without dietitian supervision.